sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Arquitetonicamente falando



Creio que 98% dos estudantes de Arquitetura e Urbanismo anseiam em conhecer Brasília. Deveras estudamos esta cidade praticamente o curso inteiro.


Com toda bagagem que tenho sobre arquitetura e urbanismo moderno, realmente Brasília foi criada de uma forma única. Obviamente, alguns de vocês podem indagar dizendo que todo elemento de forma geral possui sua unicidade. Mas, vejo Brasília de uma forma mais peculiar.
Suas formas se unem de um modo congruente que dificilmente você ver em qualquer lugar. O reto, o curvo se fundem, se harmonizam. Costa conseguiu no Plano Piloto de Brasília uma limpeza e harmonia de dar inveja a qualquer Le Corbusier. E sabe qual é o mais bacana? É ver tudo isso na altura dos seus olhos e embaixo dos seus pés.


Quando falavam pra mim que Brasília mal tem calçadas, eu não conseguia acreditar. A gente só acredita quando vê mesmo! Em vários lugares eu tinha que atravessar por cima da grama, por algum canteiro central ou até mesmo por cima do guarda corpo de alguma ponte. Sem falar que a noção de espaço lá é gigantesca! Para quem está acostumado a aproveitar todo o espaço para construir algo quando se depara com vias larguíssimas, praças gigantescas, acaba perdendo a noção de tempo que se gasta para percorrer.


A cidade (a parte do Plano Piloto que foi a que conheci, não cheguei a ir a nenhuma cidade satélite) realmente foi criada para os carros. Pedestre tem pouco privilegio. Ciclovias? Não existe! E se você sair de bicicleta é pedir para ir pro céu ou inferno mais cedo! Devido a sua imponência, Brasília chama tanta a atenção. É como se dissesse: - Sou assim e pronto!


Se todo o urbanismo chama a atenção, a arquitetura não deixa por desejar. Não temos dúvida de que Niemeyer foi um dos maiores inventores e audacioso mestre da arquitetura moderna, quem disser que ele é um merda, como já o vi chamar é porque tá de ovo doído. Tudo bem que na atualidade ele vem pecando com algumas obras, os tempos mudaram consequentemente a arquitetura. Porém, contanto, entretanto, conseguir as proezas em plena década de 50 com o concreto armado daquela forma é uma coisa espetacular!

A arquitetura segue o urbanismo em grau e gênero. Imponência e magnitude são os objetivos. Isso também é visto nos prédios mais atuais, mas em minha opinião de uma forma meio grotesca. A dimensão foge um pouco da harmonia, acho que os engenheiros e arquitetos gostam de abusar do espaço que possuem, construindo, tomando de conta, no intuito de vender. Pois, obviamente esta parte se liga com a especulação imobiliária. Gente! É um absurdo o preço da terra naquele lugar! Brasília é grandiosa, Brasília é cara!

Vista com um olho arquitetônico ela se torna inesquecível. Mas, vista com um olho sociológico (até porque, arquitetura e urbanismo não foge disso) ela é crítica, paradoxal e mitológica. Enfim... quem tiver oportunidade de conhecê-la, não deixe de esperar. Navegue em suas curvas, retas, passarelas, dimensão e também a critique de forma social, congruente e fortemente política.
Jackeline Moreira

Um comentário:

Mínelo disse...

Já me disseram que Brasília é como uma mulher linda e luxuosa, porém sem coração...Sempre entendi que Brasília devia ser um exemplo pra o resto das cidades brasileiras, mas nem sempre o que vemos pode ser tomado como exemplo, mas isso não diminui minha vontade de conhecer essa cidade com cara de brasão...

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